Informação

  • Nome: Migrações e Cultura: Conversas em Volta
  • Categoria: Conferência
  • Local: Auditório do Paço dos Condes
  • Data: 06 Set | 14:30

Resumo

JOSÉ MAPRIL 
"Deportabilidade, pânicos morais e imigração em Portugal: algumas notas etnográficas" 
Nos últimos anos temos assistido ao reforço dos discursos e agendas políticas xenófobas e anti-imigração, no contexto do crescimento e influência das extremas direitas e dos populismos. Estes discursos - que têm um longo lastro histórico na sociedade portuguesa e se assemelham ao que se passa noutras partes da Europa – associam a imigração a várias ameaças (violência, doenças, criminalidade, substituição demográfica, etc.) e pânicos morais e exigem o reforço das formas de controlo das fronteiras. A imigração (ou melhor, certa imigração) é criminalizada, vista
como
 matéria fora do lugar e sujeita a ameaças de deportação. Ao longo desta
comunicação, procurarei abordar o impacto destes discursos e destas formas de
governo nas vidas dos meus interlocutores – oriundos do Bangladesh – e os seus
esforços para contrariar tais formas de violência.
  

Nota Biográfica

José Mapril obteve o seu doutoramento em Antropologia no ICS, Universidade de Lisboa, com uma pesquisa sobre transnacionalismo e Islão entre bangladeshis em Lisboa. Actualmente é professor associado no departamento de Antropologia da FCSH-UNL e investigador integrado no CRIA NOVA. Entre 2018 e 2021 foi diretor do CRIA. Os seus interesses de investigação são transnacionalidades, migrações, subjetividades, cidadania cultural, Islão(s) e muçulmanos, islamofobia e secularismos, interesses estes que têm sido abordados através de etnografias multi-situadas em Portugal, Bangladesh e Reino Unido. Actualmente, desenvolve duas pesquisas: (i) sobre as novas configurações das migrações Bangladeshis em Portugal e (ii) sobre a relação entre processos de patrimonialização, Islão, muçulmanidade e cidadania cultural em Portugal.

INÊS LOURENÇO
"Jay Fatima mataji! - A devoção a Fátima entre hindus portugueses"
A diáspora indiana em Portugal é diversificada em termos de nacionalidades e práticas religiosas. A população mais proeminente, é originária do estado de Gujarat e de religião Hindu, e vive em Portugal desde finais dos anos 70 do século passado. Esta rota migratória foi impulsionada pela descolonização de Moçambique, antiga colónia portuguesa.
Esta apresentação centra-se nas práticas hindus que incorporam elementos do catolicismo popular português, enquanto paradigma para pensar o património migrante. Nos santuários domésticos, para além das divindades hindus, é frequente encontrar-se também uma figura de Nossa Senhora de Fátima. Para além disso, todas as famílias hindus portuguesas visitam o santuário pelo menos uma vez por ano. Através do fenómeno da inclusão de Fátima nas práticas rituais hindus, pretendo refletir a partir de uma pesquisa etnográfica, desenvolvida em conjunto com Rita Cachado, em torno destes processos de hinduização de crenças católicas e de um roteiro de peregrinação, com impacto na diversidade cultural do município de Ourém.

Nota Biográfica
Inês Lourenço é doutorada em Antropologia (ISCTE-IUL) e investigadora integrada do CRIA-Iscte. É professora auxiliar convidada do Departamento de Antropologia, Escola de Ciências Sociais e Humanas, do ISCTE-IUL.
A sua investigação centra-se nas populações de origem indiana em Portugal, em particular nas diásporas hindu-gujarati, goesa-católica e sikh-punjabi, nos seus processos de reprodução e negociação cultural, de adaptação religiosa, social e de género. Outros temas de trabalho relacionam-se com o consumo de bens culturais de matriz Indiana e com os seus usos sociais em Portugal. Atualmente estuda os processos de patrimonialização das comunidades de origem indiana em Portugal, numa articulação entre museologia e antropologia. Realizou trabalho de campo em Portugal, na Índia e no Reino Unido.

FILIPA BAPTISTA
“Fundão, Terra de Acolhimento”
O Fundão é um exemplo internacional no acolhimento de imigrantes, de tal maneira que tem o título de capital europeia da inclusão e diversidade.

Nota Biográfica
Licenciatura em Relações Internacionais pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Curso de Especialização Migrações e Desafios da Integração IPPS - ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa
Desenvolvimento de mecanismos que potenciem uma relação equilibrada entre migrações, mobilidade, multiculturalidade, desenvolvimento e sustentabilidade;
Coordenação do Centro para as Migrações do Município do Fundão - Residência de Trabalhadores Temporários, Residência de Estudantes e Centro de Acolhimento de Refugiados.
Coordenação do Gabinete para a Inclusão e Diversidade Cultural (GID) e sua equipa técnica permanente, no acolhimento, a integração e a autonomização dos migrantes, com o apoio de uma equipa multidisciplinar, constituída por psicólogos, assistentes sociais, animadores socioculturais, tradutores e mediadores interculturais, juristas e técnicos especializados.
Promoção de mais e melhores políticas públicas na área das migrações, em colaboração com entidades públicas e sociedade civil.